quinta-feira, 11 de junho de 2015

PSICODELIA

Estou a cavalgar num imaginário hipocampo
escutando das sereias o mais suave canto.
Abandonei de vez a minha lucidez
prefiro mergulhar no mar da insensatez.
Que tinge os meus olhos com cores surreais
durante visitas aos mundos transcedentais.
Viajando eu vou chegar em algum porto
com minh'alma flutuando fora do meu corpo.
Vou conhecer paisagens etéreas e distantes
onde estive durante sonhos alucinantes.
Meu destino e chegar no país mais utópico
em que tudo seja diferente e exótico.
Lá vou plantar em solo fértil minha raiz
e viver ao lado de tudo o que me faz feliz.

Tibor Wonten, junho de 2015.

DESENCANTO

Eu tinha um sonho
desde que eu era pequeno
com um mundo diferente.
O mundo mudou,
entrou na contramão,
subverteu a felicidade,
estuprou a razão.
Quem vai finalmente,
apertar o botão?

Tibor Wonten, 10 de junho de 2015.

VELHOS JOVENS

Os jovens estão velhos.
Cheiram a naftalina
e andam empoeirados.
Alienados.
Fanatizados por fascistas,
padres e pastores.
Incapazes de pensar,
são ovelhas prontas para o abate
quando soarem as trombetas do combate.
Tenham cautela
pois eles são capazes de matar.
São autômatos,
comandados por ditos ungidos,
batinas e camisas negras.
Fazem passeatas contra a liberdade,
para eles a intolerância
é uma virtude.
Triste juventude,
descartável.
Massa de manobra
de vermes sem escrúpulo.
Inocentes úteis
conduzindo todos para o abismo
em nome de Deus, da pátria e da família.
Corrompidos
por mitos sem sentido.
Irracionalismo travestido
de dogmas obsoletos.
Os jovens estão velhos.
tão velhos,
infinitamente velhos...


Tibor Wonten, junho de 2015.

DESPERTAR DOS AMANTES

Oculto nesse rosto sereno
se encontra o mais puro desejo.
Em cada gesto, em cada ação,
no leve toque de suas mãos
existe algo de sublime,
onde toda vontade se extingue.
Quando vens de encontro a meu corpo
trazendo na boca um beijo em chamas,
por dentro me acende um desejo louco
que só se extingue na cama.
Em meio ao desarranjo dos lençóis
e das roupas espalhadas pelo chão,
marcas vivas da paixão,
o sono nos acalma por instantes,
aguardando pelo despertar dos amantes.


Tibor Wonten, junho de 2015.

A SERPENTE

A serpente apesar da beleza
deixa escorrer o veneno letal.
Pelas costas destila a torpeza
e prepara seu bote fatal.

A serpente desfila impune
carregando consigo a maldade.
Não há pecado do qual seja imune,
para ela não existe a sinceridade.

A serpente rasteja entre nós
escolhendo sua vítima futura.
Na história ela é sempre a algoz,
maldição disfarçada pela ternura.

Tibor Wonten, junho de 2015.

PARTIDO

O Partido
partido
em dois, três
Partidos...
perdidos
em suas feridas,
partidos em sua vontade.
O Partido
fragmentado
em vozes destoantes,
sofismas
além da realidade
combatendo
moinhos de vento.
O Partido
dividido
enfrenta o futuro,
muitos em cima
ou por trás do muro:
tempo obscuro.

Tibor Wonten, 8 de junho de 2015.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

CORAÇÃO FECHADO

Queria ter sempre um sorriso no rosto,
mas acontece que meu coração é fechado.
Então diante do que já foi exposto
nada me resta além de andar armado.
Por isso cuidado com tuas palavras
pois as vezes não as consigo entender.
Posso pensar que elas são cortes de facas
e tenho por instinto sempre me defender.

Tibor Wonten, junho de 2015.

FORMIGAS

As formigas tecem seu labirinto,
escavam a terra por instinto.
Perfuram o solo, montam o abrigo,
protegendo-se da fúria do inimigo.

As formigas agem sem aviso,
em grupo percorrem o terreno.
Aos olhos humanos são quase invisíveis,
imperceptíveis buscam seu alimento.

As formigas marcham compactas,
avançando sobre as vítimas escolhidas.
Presas que não ficarão intactas.
morrerão silenciosas e encolhidas.

Tibor Wonten, junho de 2015.

PEQUENO POEMA PARA A PEDAGOGIA MODERNA

Conclusão:
o professor é o culpado.
Revogam-se disposições em contrário.

Tibor Wonten, 18 de maio de 2015.