sexta-feira, 12 de setembro de 2014

ABRAM CAMINHO

Abram caminho,
para os paus-mandados.
Abram caminho,
reles comandados.


Abram espaço,
para os dez por cento,
para o autoritarismo,
e o mandonismo.


Baixem as cabeças,
Reles comandados.
Deixem que falem
os Judas de sempre.


Tenham cuidado
com as paredes.
Em tempos como este
elas possuem ouvidos.


Abram alas
para os teleguiados
com seus discursos
prontos e acabados. 


Tomem cuidado
com os sorrisos falsos
dentes resplandecentes
respingando cicuta. 


Ouvidos afiados
aos discursos bem articulados
que disfarçam bem
suas verdadeiras intenções.


Prestem muita atenção,
na funesta legião
dos que só dizem amém,
e rezam sempre a mesma missa.


Fiquem atentos
aos que negociam a decência
por menos de vinte
Moedas de prata.


Não se esqueçam,
que no fim da história
eles nunca se enforcam
Numa figueira qualquer.


Instintos apurados,
contra os olheiros enviados.
São prisioneiros do oportunismo,
traidores da classe.


Saiam da frente
da turba ridícula
que gosta de brincar,
de tudo que seu mestre mandar.


Mantenham a calma
mas sempre percebam
que as coisas acontecem
por que há os que abaixam a cabeça.


Nunca perdoem
os que levam vantagens:
corja de filhos da puta,
eternos covardes. 



Tibor Wonten, 12 de setembro de 2014.

domingo, 7 de setembro de 2014

EXERCÍCIO DE AUTOAJUDA Nº 1

Segure suavemente em tuas mãos
um livro recentemente lançado
por Augusto Cury.
Abra cuidadosamente a obra
sentindo todo seu poder inspirador.
Arranque as páginas da introdução
porque certamente elas não dizem nada.
Pendure o que restar do livro no banheiro
e utilize como papel higiênico 
no momento de precisar limpar
o que acabou de defecar.

Tibor Wonten, 7 de setembro de 2014.

ROSA VERMELHA

Em cada canto do mundo
eu vou cantando e cantando eu vou:
semeando uma rosa vermelha,
semeando uma rosa vermelha,
semeando uma rosa vermelha.

Onde houver angústia
miséria, fome e opressão eu vou:
semeando uma rosa vermelha,
semeando uma rosa vermelha,
semeando uma rosa vermelha.

Tibor Wonten, 1982

terça-feira, 2 de setembro de 2014

SHANGRILÁ


Amigos venham comigo
estou indo conhecer Shangrilá.
Venham de qualquer maneira
não se preocupem com a aparência:
lá o que importa é a essência.
Vamos conhecer a utopia
que é vivenciar Shangrilá.
Lá todo sonho é possível,
lá todo sono é tranquilo,
lá todo amor e puro
e a nudez natural:
tudo é envolto em luz celestial.
Fadas, elfos e gnomos se farão presentes,
seres imaginários irão tocar
com sua orquestra surreal
a música da concórdia universal.
Estando em Shangrilá
nossas almas irão encontrar
o milagre e o encanto da paz
que só existe por lá.

Tibor Wonten, 23/10/2012.

SEM TÍTULO

Minha bandeira vermelha está enfurnada
no fundo de alguma gaveta.
Os velhos livros militantes
cada vez mais velhos esperam
a hora de serem consumidos
pelas traças e pelos cupins.
Pois já dizia o velho Mouro:
"Tudo o que é sólido
se desmancha no ar".

Tibor Wonten, 27/08/2014.