domingo, 31 de agosto de 2014

SONHOS NO ARMÁRIO

Guardei todos os meus sonhos
na prateleira mais profunda
de meu armário.
O tempo irá se encarregar
de enfeitá-los com poeira.
As traças, vagarosamente,
traçarão o destino final
perfurando,
corroendo,
digerindo partes de minha existência.
Tudo
se liquefazendo
ao lado de velhas fotos,
documentos
e poemas.
Tibor Wonten, agosto de 2014.

MOMENTO

A vida é efêmera...
finito lampejo
na tessitura do Universo.
Imperceptível caos
irrompendo no ventre da ordem.
Somos pequenos:
ínfimos seres perdidos
na infinitude do tempo.
Tudo é simplesmente
um mísero momento
consciente, inconsequente.
Tibor Wonten. julho/agosto de 2014.

PELAS COSTAS

Pelas costas
quando menos se espera
de quem menos suspeita
a faca rasga a carne
e alcança o coração.
A faca não é lâmina.
É atitude.
É juíza e executora.
Não permite direito de defesa,
não considera nada
além de supostos deslizes.
Não enxerga o passado,
que é triturado
enquanto a faca penetra com força.
Quando nos damos conta
percebemos que não somos nada,
a não ser meros pedaços
de uma engrenagem alucinada.
Tibor Wonten, 27/08/2014.

TEATRO DA SORDIDEZ

A todos vocês
que acreditam nas tolices
destiladas pelos hipócritas...
Fodam-se!
Fodam-se todos!
Fodam-se os tolos!
A lama e o lixo farão seus leitos
e os dejetos serão seu sustento.
Fodam-se!
Fodam-se todos!
Fodam-se os tolos!
Enfurnem-se em seus infindáveis tomos sagrados.
depois se afoguem nos pecados
que só acreditam da boca prá fora.
Fodam-se!
Fodam-se todos!
Fodam-se os tolos!
Enquanto eu do alto de uma arquibancada
tripudio de toda esta sordidez que assisto
neste teatro mórbido onde se encenam mentiras
em vez de aplaudir eu atiro fezes nos atores,
e digo:
Fodam-se!
Fodam-se todos!
Fodam-se os tolos!
Que me deixem em paz no meu canto.
Deixem em paz o meu canto.
Tibor Wonten, agosto de 2014.

DECLAMAÇÃO DO POEMA

Quero declamar um poema
que profane teu imaculado altar.
Que te incomode causando vertígens
e que a noite te provoque insônia.

Quero declamar um poema
venenoso como a cicuta que matou Sócrates,
terrível como um círculo do inferno de Dante
e que inquiete tua majestade.

Quero declamar um poema
que arranque tua máscara,
que enfraqueça sua sanha,
que rompa as cordas do teu chicote.

Quero declamar um poema
que liberte as manhãs de tua tirania,
que rompa as grades desta prisão,
que anuncie uma primavera infinita.


1994

PODER

Você pode transformar o dia em noite
calar o ruído das ondas do mar.
Você pode apagar as estrelas no céu
enviar furacões aos milharais
fazer tremer a Terra inteira.

Há poder suficiente para isso
em tuas mãos.

Você pode deter a força do rio
minguar a pressão das correntezas.
Você pode controlar o canto dos pássaros
sufocar o aroma das flores
azedar a doçura do mel.

Há poder suficiente para isso
em tuas mãos.

Você pode domar os leões
adiar a brisa da tarde.
Você pode manipular os vulcões
atrasar o vôo das gaivotas
transtornar a órbita dos planetas.

Há poder suficiente para isso
em tuas mãos.

Mas nada neste universo
poderá deter a inexorabilidade
dos cupins
roendo o trono de Vossa Majestade.



Dezembro de 1994

NÃO BASTA

Não basta pensar;
é necessário a faca.

Não basta reclamar;
é necessário o murro.

Não basta gritar;
é necessário a bomba.

Para que
              de pé
                       não fique
o muro.
Porque
           palavras
                        não desgastam
o concreto,
os fatos concretos.

Por isso a necessidade:
                                   da faca,
                                   do murro
                                   e da bomba.


Dezembro de 1995

AOS SAPOS (Dedicada ao Ricardo Felippe)

Pânico!
            Pânico!
                        Pânico!
Pânico no salão...

A hipocrisia sentiu-se ofendida
pois o poeta falou um palavrão.

Congelem a imagem da filmadora:
este ato não entrará para a posteridade.
Sapos são feitos para o pântano!
Sapos barbudos estão condenandos ao ostracismo!
Não servem para entrar na poesia.

Indecente!
                Indecente!
                                 Indecente!
Bradam os puritanos de ouvidos vírgens
e lábios impolutos
que nunca falaram um palavrão
(e que também nunca entenderam poesia).

Alheio aos comentários
o poeta recolhe seu poema "sapoembarbudado"
enquanto a serpente
se afoga em seu próprio veneno.


6 de dezembro de 1995

JUDAS

Prefiro enforcar-me nos ramos da figueira
do que nadar nas águas da inconsequência.
Renego as moedas do inimigo:
não negocio com o que por dentro sinto.
Proponho, me exponho, retenho o tiro
até perceber a imobilidade do alvo.
E, com a gana da fera sorrateira,
abato o adversário com selvagem fúria
irreprimida, incontida, guardada comigo
por incontáveis dias de sofrimento.


24 de maio de 1994

AVÓ-MÃE

Aponte meu caminho.
Construa meu destino.
Tenho medo de ir sozinho,
de tropeçar em minhas próprias pernas,
de me sentir perdido.

Seja um anjo da guarda
protegendo a minha vida.
Seja a brisa leve a me conduzir
pelas curvas de uma estrada.
Seja minha estrela Dalva,
companheira das manhãs,
fonte de intensa luz.

Estarás sempre presente
iluminando meu futuro.
Minha Avó-Mãe agora ausente
é um pedaço que me falta.

É uma mão que me ampara
surgindo de minhas lembranças,
que acolhe sempre meus temores
e me faz sentir confiante.



Maio de 1994

CENA DA SALA DE AULA

O profesor
vocifera Bachelard...

As menininhas
trocam bilhetinhos...

Eu
procuro poesia.


6 de abril de 1989

VAZIO Nº 2

Solidão...

Angústia
              feito faca
retalha
a carne de meus versos...

Vácuo...
Coração:
              nuvem
que se esvai
nesta noite de novembro...



24 de novembro de 1987

ESPERA

Tentar dormir
com o zumbido dentro dos ouvidos.
Tentar acordar
apesar de drogado e entorpecido.
Tentar viver
enfrentando desilusões diárias.
Quanto tempo mais vou resistir?
Será que vale a pena resistir?
Sono eterno
te espero
de portas abertas
e com o coração fechado.

ESTRANHO

Estranho...
Sinto-me um estranho
dentro de casa.
Alheio...
Alheio as coisas, as conversas.
Nada...
Nada me interessa.
Tudo é ilusão.
Nada valeu a pena
Solidão...
               Solidão...
                              Solidão...
Um eterno vazio
que me corrói.


8 de maio de 2010

PERDA

O Partido ordena vigilância,
necessita de corações de aço,
de homens sem alma,
convictos da causa
e da inevitável revolução.
Ilusão,
inevitável ilusão...
Burocrata, não tive tempo
de conhecer o amor
e te deixei escapar por entre meus dedos.
Te perdi quando te conheci.
Te perdi a cada dia que passava.
Te perdi porque simplesmente
não falei que te amava.
Amor não era palavra de ordem,
não estava na pauta do dia,
não cabia na greve
e nem estava estampado
em nossa vermelha bandeira.
O amor era algo para o futuro...
Futuro radiante: a restauração do paraíso.
Cabia a nós esperar esse dia,
o dia da redenção.
E eu, esperando por ele,
te perdi para sempre.


Junho de 2010

AS VEZES

As vezes
tenho vontade de queimar
todos os meus poemas,
todos os meus documentos,
todos os meus retratos,
todo e qualquer vestígio
de minha existência.


10 de junho de 2010

NÃO ME ACORDE

Não me acorde...
Não ilumine meu quarto,
pois quero a escuridão.
Quero viver no mundo dos sonhos,
pois nele tudo o que poderia ter sido
apenas é.
Ilusão...somente se me despertar,
pois tudo é vivo e colorido,
tem forma, cheiro e sentido.
Surreal sentido...
Não me acorde,
não ilumine meu quarto.
Deixe-me viajar tranquilo,
pois quando acordo
não consigo me lembrar
de nada...

15 de junho de 2010

PONTO FINAL

Ponto final.
Tão simples
sem vírgula...
Ponto final
de tudo,
da vida,
do que não pôde ser.
Ponto final.
Tão simples:
abrir as veias
e esperar.


12 de julho de 2010

VAMPIRAS SILVESTRES

Vampiras não usam capa preta.
tampouco possuem presas.
Vampiras
se olham sempre no espelho,
geralmente estão acima do peso,
costumam vestir-se de rosa
e se deliciam com morangos.


15 de julho de 2010

DIA DOS PAIS

A casa vazia
o silêncio presente...
A ausência da esposa
e dos filhos.
É dia dos pais.

A casa vazia
domingo de agosto...
Solidão e desgosto.
Mil lágrimas nos olhos.
É dia dos pais.


9 de agosto de 2010

NÃO SOU MAIS O MESMO

Não sou mais o mesmo,
admito...
Não sei no que me transformei.
Cansaço dos dias de outrora?
Sonhos feito espelhos partidos?
Incógnita...
Nenhuma resposta encontro
por mais que eu vasculhe
lá dentro...
Lá dentro de mim,
por trás de cada parede,
de cada armário,
embaixo do tapete...
Nenhum fragmento ou
partícula de pó.
Apenas a insossa e inodora
melancolia martelando impassível.

18 de agosto de 2010

O FIM

O fim de minha existência
será para mim
o fim do mundo.
O término das cores, dos sons,
enfim,
de todas as coisas
boas ou ruins.
Eterno silêncio.
Sonho que nunca terminará
e que nunca será lembrado.
A infinitude do não-ser.
A não-existência.
O nada absoluto.
Nada,
apenas nada.


27 de agosto de 2010

BANDEIRA VERMELHA

Bandeira Vermelha
da foice e do martelo
apesar de todos os erros
ainda a carrego comigo.

Bandeira Vermelha
operária e camponesa
apesar dos tempos duros
ainda a carrego comigo.

Bandeira Vermelha
Marxista-Leninista
apesar da tempestade
ainda a carrego comigo.

Bandeira Vermelha
do Partido Comunista,
quando eu chegar ao fim da vida
que tu sejas minha mortalha
pois até durante a morte
a carregarei comigo.

DESPERTAR

Lembranças
tão vagas.
Fragmentos
da vida.
Momentos
perdidos.
Tudo se foi
tão depressa
que eu nem notei...
Quando acordei
percebi que os sonhos não existem,
que só os pesadelos são naturais.


9 de setembro de 2010

PRISÃO

Penitenciaria número XXX,
Telefone: XXX-XXXX.
Prisioneiro desde um mês de idade.
Os carcereiros não têm olhos eletrônicos,
mas enxergam os mais recôndidos lugares.
Sala de tortura da alma,
castração dos desejos,
sublimação dos sonhos.
Você tem que ser
o que está programado
por eles.
Você tem que fazer
o que é permitido
por eles.
Você tem que se transformar
no que eles querem
que você seja.


17 de setembro de 2010

NO CARRO

Dentro do carro
ainda escuto a frase
como se fosse ontem:
O estorvo veio?


22 de setembro de 2010

O ESTORVO

A festa estava em festa
mas o estorvo chegou.
A viagem viajava sua viagem
mas o estorvo ia junto.
As visitas visitavam a casa
mas o estorvo presente estava.
O estorvo estava sempre presente
incomodando os olhos daquela gente,
atormentando a ordem vigente,
pensando pensamentos contrários
a normalidade estabelecida pelo sistema.
O estorvo estorvava.
O estorvo ali estava.
Algemado pelas mentes obtusas,
solitário, deslocado, desgraçado.
O estorvo era eu.
O estorvo era eu...


Setembro de 2010

MÚMIAS

Múmias:
envoltas em trapos,
repletas de fungos,
de cérebro extirpado
e guardado
em canóplias.

Múmias:
que pensam estar vivas
mas que morreram por dentro.
Com bandagens vedando
seus  rancores e suas pústulas,
suas falsidades e hipocrisias.

Múmias:
Que andam e que falam
sem saber andar e falar.
Que pensam que pensam
mas só decoram palavras
Múmias  miseráveis,
covardes e pútridas.

Tibor Wonten, 25 de maio de 2014.

AOS HIPÓCRITAS

Te cumprimentam ao raiar do dia
embora tua morte é o que lhes fascina.
Abrem um sorriso quando te encontram
mas se pudessem te cuspiriam em cima.

Pois os hipócritas por tudo se amedrontam:
palavras, gestos, teu jeito de ser.
A tua inegociável maneira de viver
e de não crer...

Que se arrastem e chafurdem na lama
pois para os porcos é a melhor cama.

Tibor Wonten, 6 de junho de 2014.

JEKILL & HIDE

Dentro de mim habitam dois:
um luz, outro trevas.
Dualidade eterna.

Por vezes sou o médico,
como também em mim
aflora o monstro:
sou calmo e sereno,
feroz e obsceno.

Tanto abro minhas asas de anjo,
como dilacero com as garras de demônio.


Tibor Wonten, 2012/2014.

A PELEJA ENTRE O PSIQUIATRA, O PSICÓLOGO E O PACIENTE

O psiquiatra me receita remédios mágicos
com fórmulas milimetricamente exatas
para me manter feliz e me fazer dormir.

O psicólogo com seu ar de sábio
como um inquisidor quer me fazer confessar
todos os meus problemas ocultos e enterrados.

Sou a perfeita cobaia humana
e eles querem sugar meus desejos sublimados.
Esses deuses de jaleco branco todo-poderosos
pensam que sabem tudo sobre o ser humano
com suas teorias e práticas científicas.

Mas se esquecem da metafísica da alma,
desse universo infinito que carregamos pela vida
e que sempre reserva surpresas ininteligíveis.
No fundo, bem lá no fundo os loucos
é que sempre tem razão pois não precisam
da sobriedade inatingível da razão.

E no auge de sua loucura desvairada
enxergam um mundo que seres normais
não conseguem e não podem perceber.
Pois a razão apesar de toda carga de certezas
é cega para enxergar um mundo paralelo
que coexiste com este plano material
e que somente os loucos conseguem notar
com seus olhos vidrados e sobrecarregados
de visões intransponíveis para os ditos seres sãos.

 Tibor Wonten, 2 de setembro de 2010.

EXPERIÊNCIAS

A vida
a cada instante que passa
no tempo finito
                           dos corpos,
pulsa:
           ensinando
novas liçoes.

Agosto de 1984.

NO POVO

O povo
             é parte integrante
de meu todo.

É nele que eu
                        me descubro
e é nele que eu
                         encontro poesia.

No povo
eu vejo
             a todo instante
um outubro
                     de 1917
querendo desabrochar
como uma flor
                         vermelha
no canteiro do futuro.

MARCA

É preciso que os homens
no pequeno estágio
                                 dialético
chamado vida
deixem alguma coisa sólida
marcando sua existência
sobre essa esfera azul.

Algum artefato
que sirva de exemplo
para as gerações futuras.

Outubro de 1984.

PARTÍCULAS

Assim como vejo numa semente
displicentemente cuspida 
                                            na terra
uma partícula de uma nova planta
que teimosamente brotará,
vejo nos homens que não se calam
diante da escuridão
das noites impostas
                                  a ferro
                                               e
                                                  fogo
uma partícula do mundo novo.

Outubro de 1984.

Minha fé
                é minha poesia
que inunda
                    minha vida vazia.

Minha poesia:
                         vertente de
                                             meus ideais
                         recipiente de
                                               minha sangria.


18 de novembro de 1984.

PÓS DESESPERO

Recolho meu coração
                                     partido
em mil cacos de vida
e o remonto
                     pedaço
                                 por
                                        pedaço.

E faço
           das marcas que restaram
um poema
                  ferido.

              18 de dezembro de 1984.

AUTOCRÍTICA PEQUENO BURGUESA

Estou sempre em contradição
comigo mesmo
querendo conciliar meu lado pequeno-burguês
com minha consciência marxista
                                                        leninista.

Vivo
         entre a luta pela emancipação 
         da classe operária
         e a eterna preocupação
         por meu cabelo não ficar despenteado.

        Entre a reforma agrária
        e a mesa farta
        de minha casa.


17 de dezembro de 1984.

DIA DE ANIVERSÁRIO

Hoje é seu aniversário
e nem mesmo sei tua idade.
Apenas sei vagamente onde mora
ou melhor,
                  se esconde.

Longe, bem longe,
carregando sua cruz e seus vícios
caindo em seu precipício
Esperando,
                   em vão,
                                seu celular tocar.


2010/2014

SORRISOS TOLOS

Sorrir sem motivo é para os tolos
não vou mais fingir o que não sinto.
Dizem que perdi meu brilho
mas todo sol se extingue um dia.

Nem tudo em nossa vida é luz
por isso aprendi a caminhar nas trevas.
O desespero é sábio pois ensina o caminho das pedras
e os atalhos para não ferir os pés.

Nem todo destino é bom, nem toda a vida é boa
minha estrada apesar de finita é vazia ao redor.
Por isso me oculto dentro de uma concha quebrada
esperando que tudo se apague de uma vez.

      Junho de 2014.

GANGRENA

Nada mais vale a pena.
A vida é gangrena
escura e vazia.
Tenho de cortá-la sem pudor
nem anestesia...
Pois a fantasia
não serve mais para curar a dor.

23 de maio de 2012.

INEXISTÊNCIA

Quando completei um mês de idade
deveria ter morrido.
Melhor ainda teria sido
não haver nunca ter nascido.
Não sofreria hoje o que sofro
pois nunca teria existido.

27 de agosto de 2010.

PRECIPÍCIO

Estampo em meu rosto
um sorriso falso.
Um arremedo de felicidade ensaio
para representar no teatro da vida.
Tudo é fraude, tudo é ilusão,
acredita quem não tem razão.
Iludo as pessoas e sigo em frente
tem gente que acha que estou feliz.
Mas os poucos que me conhecem
sabem que por dentro sangro.
Percebem a sombra 
do que um dia fui.
Notam que ando na corda bamba
prestes a cair num precipício
de onde não vou mais voltar.

29 de setembro de 2010.

O MURO

NO MEIO DO AMOR EXISTE UM MURO
DE INTOLERÂNCIA E MEDO
DE CONCRETO FORJADO
POR MÃOS CALEJADAS DE MORTE.
NO MEIO DO AMOR EXISTE UM MURO
QUE É UM MURRO NAS FACES HUMANAS
QUE SEPARA E CORTA EM FATIAS
O PORVIR DOS DIAS FUTUROS.
NO MEIO DO AMOR EXISTE UM MURO
DE VERGONHA, DE DESUMANIDADE
DE FOGO QUEIMANDO CORPOS
DE GENOCIDAS TRUCIDANDO CRIANÇAS.
NO MEIO DO AMOR EXISTE UM MURO
COMO ERA EM VARSÓVIA, COMO ERA EM BERLIM
SIMBOLIZANDO UM HOLOCAUSTO DE IRMÃOS
MANCHANDO A PAISAGEM E O ENCANTO.
NO MEIO DO AMOR EXITE UM MURO
QUE NÃO TOLERA ABRAÇOS E RISOS
QUE TEME A ALEGRIA E A IGUALDADE
QUE TEME A PALAVRA FRATERNIDADE.
NO MEIO DO AMOR EXISTE UM MURO
QUE UM DIA SERÁ DERRUBADO
PORQUE NÃO É ESSE O DESTINO DO MUNDO:
NÃO NASCEMOS PARA VIVER SEPARADOS.
Tibor Wonten, julho de 2014.